SALAR DE UYUNI/BOLÍVIA - PRIMEIRO DIA

Quando ouvimos falar a primeira vez do Salar de Uyuni em um programa de televisão, ficamos encantados e doidos para conhecê-lo, mas naquela ocasião tínhamos outros planos de viagens. Anotei esse destino no meu caderninho e prometi a mim mesma e à Adilson que um dia a gente iria conhecer esta maravilha da natureza.
 E não deu outra: depois de dois anos realizamos este desejo e vamos contar para vocês nossa aventura por lá. Tivemos que dividir a postagem em três partes, pois como fizemos uma expedição de três dias, ficaria muito cansativo para vocês lerem tudo de uma só vez. Portanto, aí vai!!!! 
SALAR DE UYUNI - PRIMEIRO DIA E PRIMEIRO PERRENGUE!!!!!
Nos deixaram no meio da estrada.
Quando compramos as passagens para Uyuni, ninguém nos informou dos problemas que estavam acontecendo em Potosí, município onde se localiza o Salar. Estavam fazendo protestos violentíssimos (eles chamam de bloqueos) nas estradas de acesso à cidade. Pegamos o ônibus às 19:30 na rodoviária e viajamos a noite toda tranquilamente, sem saber de nada. A viagem é feita somente à noite e dura aproximadamente 10 horas.
Abandonados na estrada!!!!
De repente, o motorista pára o ônibus e grita "baja rápido, baja rápido!!!" Rapidamente os passageiros pegaram suas coisas e desceram bastante assustados, principalmente os turistas que não falavam espanhol. O motorista deu meia volta e foi embora, sem nos dar a menor explicação. Sem saber o que estava acontecendo, seguimos as pessoas e andamos muito!!!

Nosso 4X4.
Nos disseram que era só um quilômetro de distância até o centro da cidade, mas andamos uns quatro quilômetros num frio de matar até chegar na "rodoviária". Não existe rodoviária, somente um aglomerado de barracas e os protestos são justamente por isso. Uns querem a construção da mesma dentro da cidade e outros querem sua construção fora da cidade e por isso essa briga toda!

Cemitério de trens-primeira parada do passeio.
Chegando lá, tudo fechado!!! O clima estava dão denso que se podia cortar com uma faca! Tivemos muito medo. Nem tiramos fotos da cidade, não havia clima para isso e não queríamos chamar a atenção. Em dias de bloqueios, os protestantes mandam fechar todas as lojas por 48 horas e nada funciona (é tipo toque de recolher!). Nessa hora, ficamos atordoados sem saber o que fazer.
Decidimos procurar a agência que tínhamos contratado para nos levar ao Salar e por sorte, ela ficava um pouco afastada de onde estavam organizando o protesto. Chegamos na hora em que o dono estava abrindo a agência, nos mandaram entrar imediatamente e fecharam a porta. Nos disseram que iriam tentar furar o bloqueio e fazer o passeio às 10h. Aos poucos foram chegando os nossos companheiros de viagem e ficamos esperando a melhor hora de sair. 
Tem muitos brasileiros por lá, afinal é um destino barato.
Precisávamos comer alguma coisa, pois tínhamos caminhado muito com o estômago vazio. Achamos um local que servia café da manhã, e quando entramos estava cheio de gente que também estava na mesma situação que a gente. Conhecemos a Rosa Mendez, que acabou se tornando uma excelente companheira de viagem. Mas o drama não acabou aí. Adilson começou a passar mal, sentia calafrios, dor de cabeça e vomitava, um grave sinal do mal da montanha!!! O dono da agência ANDES SALT EXPEDITIONS começou a dizer que não tinha balão de oxigênio incluído no pacote e que era melhor a gente não ir, ou se quisesse arriscar, por mais uma quantia de U$ 60, colocaria o balão de oxigênio no pacote e blá blá blá. O grupo foi bastante legal nesta hora e resolvemos dividir a quantia por seis, pois todos poderiam utilizar em caso de necessidade. Enquanto resolvíamos isso e esperávamos chegar o oxigênio, Adilson tomou dois SOROCHEPILLS de uma vez e já começava a se sentir melhor. Lá pelas 10:30, conseguimos furar o bloqueio e seguimos para o Cemitério de Trens.
Saindo do Cemitério de Trens, antes de chegar em Colchani.
Não há muito o que ver no cemitério de trens, só umas carcaças bem feias. Não gostei muito do lugar. Depois seguimos para Colchani, já no deserto de sal propriamente dito. Neste local há um museu, uma feirinha de artesanato, banheiros públicos e lanchonetes. 
Museu de Sal, pena que estava fechado.
Em Colchani, passamos em média trinta minutos, mas não deu para visitar o museu, pois estava fechado. Recomendamos que as pessoas que morem em lugares com umidade alta, não comprem artesanatos de sal, pois costumam derreter (compramos uma escultura de sal na Colômbia uma certa vez, que literalmente derreteu quando chegamos em casa).
Colchani.
Colchani, um pequeno povoado no meio do sal.
Depois de Colchani, seguimos para as pirâmides de sal e aí foi a maior festa!!! Adilson já estava bem melhor e o grupo mais relaxado. Mariana e Ricardo, Rosa e Elena e nós dois. Tiramos fotos incríveis!!!

Rosa, Adilson, eu, Elena, Mariana e Ricardo.
O motorista faz toda a diferença, se é uma pessoa legal o passeio fica muito melhor. Demos sorte, Don Gregório foi espetacular, sempre muito paciente e atencioso com todos do grupo. Nos deixava sempre à vontade e não reclamava dos nossos atrasos.
Pirâmides de sal.
Mesmo com um sol maravilhoso o frio era bastante intenso.
A melhor época para ir é fora do período das chuvas. Não chove muito nos meses entre maio e novembro, mas o vento é forte. Esteja preparado.
No período das chuvas, há risco de não poder entrar no salar.
Criança de novo!!!
 Mais de 10.000 km² de sal.
Sal, sal e mais sal!!!
Depois das pirâmides, Don Gregório nos levou para o hostel de sal, onde iríamos almoçar. Esse hostel passou no programa de TV que havíamos visto anos atrás e conhecê-lo foi a realização de um desejo! Na frente do hotel há bandeiras de vários países e é um excelente lugar para fotografar. Fizemos isso enquanto Don Gregório organizava nosso almoço, que foi preparado em Uyuni antes de nossa saída.
Em janeiro de 2014 o Ralí Dakar foi realizado pela primeira vez no Deserto de Uyuni. 
Bandeiras de vários países em frente ao hostel de sal.
Hostel por fora.
Área comum do hostel. Tudo é feito de sal.
Vídeo do hostel.
O hostel é bem organizado e bastante curioso, não há luxo. Nosso almoço foi carne, com quínua e salada de legumes. Simples, um pouco frio para o meu gosto, mas como a fome era grande até achamos gostoso.
Depois do almoço fomos para os famosos losangos de sal. Don Gregório no disse que essas formações são feitas pela respiração das várias camadas de sal que juntas têm aproximadamente 7 metros de profundidade.
Não há nada, só quilômetros de puro sal e sol!!
Excelente lugar para mais brincadeiras!!!!

Com o grupo mais enturmado, a viagem foi ficando cada vez melhor!!!
Já bastante à vontade, ficamos quase uma hora só brincando e fotografando os losangos. Insistimos em dizer que um motorista paciente e um grupo legal fazem toda a diferença, pois imaginem como seria terrível passar três dias com gente antipática ou com interesses distintos.
Isla del Pescado.
No final da tarde, seguimos para a Isla del Pescado, uma formação rochosa cheia de cactos. Paga-se para subir até o topo das rochas, mas quem não quer subir, há banheiros, restaurantes e lugares para fazer piquenique. Paga-se para usar os banheiros públicos, mas é bem baratinho.
Sempre engraçadinho!!!! Nem parecia o mesmo que tinha passado mal antes de sairmos!

O mais curioso é que no local há centenas de cactos, alguns com mais de 10 metros de altura e segundo nosso guia/motorista, esses têm mais de 500 anos de idade. Será??? . Há moradias e tem llamas pastando também. Como conseguem água potável????
Restaurante da Isla.
A vista é muito bonita.
Como é o último lugar que visitamos antes de ir para o hostel, o motorista dá bastante tempo para quem quiser subir nas rochas ou conhecer o local, e como não quisemos subir, aproveitamos para fotografar, conversar com o pessoal do grupo e fazer um lanche.


Llamas pastando entre os cactos.
Segundo o guia/motorista esse cacto tem mais de 500 anos. Será???

Mesas para piquenique.
Aproveitamos para conversar e lanchar.
Depois da Isla del Pescado, tivemos um longo caminho até o hostel em que iríamos dormir. Viajamos por umas duas horas e chegamos já de noite. Tivemos medo que o carro quebrasse, pois durante o trajeto não vimos nenhum ser vivo e além disso, celulares não pegam no deserto.

Pôr-do-sol e nenhum ser vivo por horas. Tivemos medo!
Enfim chegamos ao hostel no povoado San Juan já de noite. Depois que o sol se pôs a temperatura caiu vertiginosamente!!!!! Fazia um frio tremendo, desesperador mesmo. O hostel era bem simples, mas fomos bem recebidos com bolachas e um chá quentinho. Mesmo dentro, sentíamos muito frio, pois o sal não é um bom isolante térmico.
Video do hostel de sal.

Fomos orientados a tomar banho quente (paga-se 10 bolivianos por pessoa), pois só na primeira noite há essa opção. A energia elétrica vem de um gerador e por isso pudemos carregar nossas baterias e celulares. Enquanto tomávamos banho, preparavam nosso jantar, que consistiu em uma sopa deliciosa de quínua e legumes, peito de frango frito com arroz. Comida quentinha!!!!!
Depois do jantar, mais conversa e cama!!!!!

FIM DO PRIMEIRO DIA

LISTA DE ITENS INDISPENSÁVEIS PARA TRÊS DIAS EM UYUNI:
- ROUPA DE FRIO INTENSO
- GORRO QUE CUBRA AS ORELHAS
- ROUPAS DE LÃ
- MEIAS DE LÃ
- LUVAS
- SACO DE DORMIR
- PROTETOR SOLAR
- ÓCULOS DE SOL
- MEDICAMENTOS
- TOALHA E ITENS DE HIGIENE PESSOAL
- TRAJE DE BANHO PARA BANHO NAS ÁGUAS TERMAIS
- LANTERNA
- PAPEL HIGIÊNICO
- ÁGUA PARA OS TRÊS DIAS
-LANCHES E CHOCOLATES
-  LENÇOS UMEDECIDOS

Veja também clicando no link abaixo:
SALAR DO UYUNI - SEGUNDO DIA
SALAR DO UYUNI - TERCEIRO E ÚLTIMO DIA

7 comentários:

  1. Ana Clara16:40

    Aventura e tanto!!!! Parabéns pela viagem e pelo relato INSPIRADOR.

    ResponderExcluir
  2. Anônimo14:13

    Uma loucura apaixonante. Pena que não tenho coragem de fazer esse tipo de viagens, prefiro o conforto, mas admiro quem gosta!

    ResponderExcluir
  3. É verdade, uma aventura e tanto!!!! Mas não é para pessoas que gostam de conforto, pois dorme-se mal, não há como tomar banho em todas as noites e a comida também não é lá grande coisa. É recomendada principalmente para mochileiros mesmo.

    Abraço

    ResponderExcluir
  4. Oi, Rose! Tudo bem?


    Estou planejando ir pro Uyuni agora em maio com a minha mãe. Chegamos em Santiago e vamos para San pedro em seguida. O que você tem a dizer sobre o mal de altitude? Temos ótima saúde, mas não quero passar por uma situação desagradável. Tem indicação de algum remédio que possamos tomar para evitar e/ou curar o mal estar?

    Obrigada!

    ResponderExcluir
  5. Oi Nadia,
    Assim que chegar em San Pedro compre SOROCHE PILLS em qualquer farmácia, que vai te ajudar muito. Quanto aos sintomas, há pessoas que têm muita dor de cabeça e cansaço, mas tem gente que não sente nada. Evite fazer esforço físico nos dois primeiros dias e tome o remédio que te falei junto com cha das folas de coca, que ajudam muito.
    Espero que vocês não tenham nada e aproveitem a viagem.
    Abração.

    ResponderExcluir
  6. Rose, me diz uma coisa: este hostel no Povoado San Juan é próximo ao Salar? Vocês conseguiram ver o nascer do sol no Salar?

    ResponderExcluir
  7. Esse hostel é longe do Salar, mas ainda dentro do deserto, só chegamos no final da tarde, quase noite.
    Conseguimos ver o nascer do sol sim, mas recomendo que você pergunte ao motorista. Nós tivemos sorte de pegar um bom motorista, mas muita gente reclama que a maioria não é paciente.
    Espero que você dê sorte também.
    Abraços

    ResponderExcluir

ESTE ESPAÇO É SEU. SINTA-SE À VONTADE!!! COMENTE, PERGUNTE, CRITIQUE, PARTICIPE!!!