Quando eu disse para alguns amigos que iria conhecer Chernobyl, a primeira reação foi de assombro. Está louca? O que você vai fazer lá? Na verdade, quando assisti a série da HBO sobre o acidente nuclear, fui pesquisar sobre o ocorrido e “voilà”, descobri que o local está aberto à visitação desde 2002. Na verdade, fiquei louca mesmo, mas para conhecer o lugar.
O símbolo da antiga União Soviética na entrada de Chernobyl.
Chernobyl e Pripyat ficam cerca de 130 km de Kiev, capital da Ucrânia e só é permitido visitar a região com guias e agências credenciados. O visitante precisa agendar sua ida com antecedência (pelo menos duas semanas), pois as agências precisam passar os dados do passaporte pedindo autorização para as autoridades ucranianas.
Há vários controles durante o trajeto e só podemos entrar na zona de exclusão se o nosso nome e número de passaporte estiverem devidamente autorizados. Nós escolhemos a agência Gamma Travel e achamos o serviço excelente, com guia fluente em inglês e muito conhecimento sobre a tragédia ocorrida na Usina Nuclear de Chernobyl.
O local de saída foi em frente ao Hotel Dnipro no Centro de Kiev às 7h30, onde encontramos nosso guia para confirmação de dados e assinatura do termo de concordância dos riscos. Partimos em uma van bastante confortável. Durante o trajeto, o guia nos explicou detalhes sobre a zona de exclusão, depois assistimos documentários sobre o acidente nuclear e os locais que iríamos visitar.
Ainda existem vários cães soltos na região. Muitos visitantes os chamam de "chernodogs".
Existem algumas REGRAS DE CONDUTA que o visitante precisa obedecer. São elas:
- Deve usar roupas que cubram todo o corpo (mesmo no verão);
- Deve calçar sapatos fechados;
- Não tocar em nenhum objeto, metal, paredes e até mesmo folhas do chão (você não pode triscar em nada);
- Não comer, beber (bebidas alcoólicas são terminantemente proibidas) ou fumar, principalmente em lugares fechados (você pode ingerir a radiação que está no ar);
- Não apoiar câmeras em nenhum lugar;
- Só entrar em edifícios autorizados pelos guias (muitos estão em risco de desabamento).
- Usar o dosímetro individual e passar pelos controles de radiação durante a visita.
Seguindo essas regras, os riscos são mínimos. Bem, pelo menos é o que dizem...
A Ucrânia fez parte da União Soviética e só se tornou independente em 1989. A Usina Nuclear de Chernobyl, que possuía quatro reatores e era responsável por cerca de 70% da produção de energia do país funcionava em seu território.
No dia 25 de abril de 1986, o reator chamado Lenin IV estava agendado para participar de um teste de acordo com o protocolo de segurança da usina, mas durante o teste algo deu muito errado, fazendo com que o reator superaquecesse e a equipe da madrugada, que era bastante inexperiente, não conseguisse controlar a situação (segundo vários documentários, na verdade foi uma sequência de falhas). Esse erro causou a explosão do reator por superaquecimento, resultando na maior catástrofe nuclear de todos os tempos.
Casa abandonada na zona de exclusão.
Tentando esconder do mundo a catástrofe nuclear, principalmente por causa da Guerra Fria que a União Soviética travava contra os Estados Unidos, as providências necessárias para a evacuação imediata da cidade mais próxima, Pripyat, demoraram mais de 24 horas para serem tomadas, expondo os mais de 100 mil habitantes da cidade e região à índices altíssimos de radiação.
Máscaras de gás espalhadas no chão de escola em Pripyat.
Muitos que trabalharam diretamente na tentativa de contenção do desastre, morreram dias depois sob efeito da fortíssima radiação que tiveram contato. Outros, em meses, anos depois. Na verdade, não se sabe ao certo quantas pessoas morreram de câncer, má formação congênita e várias outras doenças associadas. A ironia disso é que segundo o governo soviético, oficialmente somente 31 pessoas faleceram em decorrência do acidente.
Tudo em um raio de 50 km foi imediatamente contaminado: a fauna, a flora, o solo e inclusive o lençol freático. Estima-se que a região será inabitável por mais de vinte mil anos. A radiação atingiu vários países na Europa em poucos dias, fazendo com que o governo soviético não conseguisse esconder por mais tempo o ocorrido na madrugada de 26 de abril de 1996. A partir daí as más notícias correram o mundo.
Um dos reatores abandonados na planta.
Hoje, os restos da usina Lenin IV estão sob uma grande cobertura, chamada sarcófago. É uma estrutura totalmente blindada, construída por cientistas de 21 países, que limita a dispersão da poeira radioativa no ar e no solo. Terá uma durabilidade de 100 anos.
Sarcófago cobrindo a usina Lenin IV.
Muitos que trabalharam diretamente na tentativa de contenção do desastre, morreram dias depois sob efeito da fortíssima radiação que tiveram contato. Outros, em meses, anos depois. Na verdade, não se sabe ao certo quantas pessoas morreram de câncer, má formação congênita e várias outras doenças associadas. A ironia disso é que segundo o governo soviético, oficialmente somente 31 pessoas faleceram em decorrência do acidente.
Tudo em um raio de 50 km foi imediatamente contaminado: a fauna, a flora, o solo e inclusive o lençol freático. Estima-se que a região será inabitável por mais de vinte mil anos. A radiação atingiu vários países na Europa em poucos dias, fazendo com que o governo soviético não conseguisse esconder por mais tempo o ocorrido na madrugada de 26 de abril de 1996. A partir daí as más notícias correram o mundo.
Um dos reatores abandonados na planta.
Hoje, os restos da usina Lenin IV estão sob uma grande cobertura, chamada sarcófago. É uma estrutura totalmente blindada, construída por cientistas de 21 países, que limita a dispersão da poeira radioativa no ar e no solo. Terá uma durabilidade de 100 anos.
Sarcófago cobrindo a usina Lenin IV.
Durante a visita, paramos várias vezes para medir radiação e ver os lugares icônicos de Pripyat, como o Duga Radar, utilizado para detectar mísseis americanos durante a Guerra Fria.
Duga Radar.
O Memorial Wormwood, representa todos os 188 assentamentos abandonados em consequência do desastre nuclear. Seus habitantes tiveram apenas duas horas para recolher os pertences mais importantes antes de partirem com a promessa de regressar em três dias... nunca mais puderam retornar.
Duga Radar.
O Memorial Wormwood, representa todos os 188 assentamentos abandonados em consequência do desastre nuclear. Seus habitantes tiveram apenas duas horas para recolher os pertences mais importantes antes de partirem com a promessa de regressar em três dias... nunca mais puderam retornar.
Wormwood Star Memorial na Zona de Exclusão.
Muitos acreditam que o acidente nuclear foi profetizado na Bíblia em Apocalipse, onde o terceiro anjo tocou a trombeta, caindo uma estrela ardendo como tocha sobre rios e fontes de águas destruindo tudo por onde passava.
Jardim de Infância em Prpyat - desolação total.
Um dos lugares que mais me chamou a atenção durante a visitação foi o jardim de infância em Pripyat, que parece cena de filme de terror. Tudo foi deixado para trás durante a evacuação da cidade (ou foi arrumado de propósito para chocar mais os turistas?).
Sapatinho abandonado no Jardim de Infância em Pripyat.
Até agora me pergunto se a ex-dona dessa boneca ainda está viva ou se morreu em consequência de um câncer provocado pela exposição à alta radiação... Fiquei bastante impressionada com tudo que vi no jardim de infância.
Parque de diversões abandonado em Pripyat.
Outro lugar emblemático na zona de exclusão, é o famoso parquinho de Pripyat. Programado para ser inaugurado no dia 1º de maio de 1986, quatro dias depois da catástrofe, nunca foi utilizado e virou a imagem mais simbólica da cidade.
Jardim de Infância em Prpyat - desolação total.
Um dos lugares que mais me chamou a atenção durante a visitação foi o jardim de infância em Pripyat, que parece cena de filme de terror. Tudo foi deixado para trás durante a evacuação da cidade (ou foi arrumado de propósito para chocar mais os turistas?).
Sapatinho abandonado no Jardim de Infância em Pripyat.
Até agora me pergunto se a ex-dona dessa boneca ainda está viva ou se morreu em consequência de um câncer provocado pela exposição à alta radiação... Fiquei bastante impressionada com tudo que vi no jardim de infância.
Parque de diversões abandonado em Pripyat.
Outro lugar emblemático na zona de exclusão, é o famoso parquinho de Pripyat. Programado para ser inaugurado no dia 1º de maio de 1986, quatro dias depois da catástrofe, nunca foi utilizado e virou a imagem mais simbólica da cidade.
Paramos em vários outros lugares para medir a radiação, bastante alta em vários pontos. A mais alta foi em frente ao antigo supermercado, provando que a região é realmente inabitável.
Único supermercado da cidade fantasma de Pripyat.
Radiação altíssima em frente ao supermercado.
Único supermercado da cidade fantasma de Pripyat.
Radiação altíssima em frente ao supermercado.
Hotel Pripyat.
Outro ponto de altíssima radiação. O normal seria até 0,30 Roentgen.
Enfim, na maior parte dos lugares visitados a radiação é baixa, vá sem medo e obedeça SEMPRE as regras. Leve lanche e água e só os consuma dentro da van. Se optar pelo passeio com almoço incluído, saiba que a comida é simples e não é tão ruim.
Almoço tipo bandejão.
Controle de radiação no final do dia.
Depois de um dia cheio, é hora de devolver os dosímetros e passar pelo controle de radiação final.
Sei que nem todos gostam desse tipo de turismo, mas foi sem dúvida uma das experiências mais marcantes que tive, de muito aprendizado e reflexão. Espero que essa tragédia nunca mais se repita!
😎😎
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